terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém...

"(...) Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada.
  Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
  Que não são, embora sejam.
  Que não falam idiomas, falam dialetos.
  Que não praticam religiões, praticam superstições.
  Que não fazem arte, fazem artesanato.
  Que não são seres humanos, são recursos humanos.
  Que não têm cultura, e sim folclore.
  Que não têm cara, têm braços.
  Que não têm nome, têm número.
  Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
  Os ninguéns, que custam menos que a bala que os mata."

(Eduardo Galeano   em "O livro dos abraços")


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